Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é!!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Redução do estomago? Mitos e verdades.



 O que? Como? Quando? Não acredito....





Quando falo que fiz redução de estomago, a chamada Gastroplastia ou Cirurgia Bariátrica, as perguntas são  sempre as mesmas: Quanto você pesava? Era muito gorda? Não acredito que fez?.... dentre outras tantas que já me acostumei a responder, confesso que não me incomodam em nada.
Passei pela cirurgia em 10 de Janeiro de 2006, após incansáveis e sucessíveis dietas frustradas e inúmeros métodos de perda de peso.  Sempre fui gorda, obesinha desde criança...Costumo dizer, que sou uma enciclopédia de dieta, já fiz a da Lua, do sol, do arroz, do Chico Xavier, dos grãos, do carboidrato, Vigilantes do Peso, nutricionistas, endocrinologistas e incontáveis fórmulas e remédios. Aí, começou o problema...
Viver em constante briga com o peso, o meu já não era uma briguinha, era um UFC* invencível, tentado de tudo, procurei, em 2004, uma Endocrinologista pra fazer uma dieta com acompanhamento médico, já havia feito outras vezes, mas dessa vez a formula perfeita: dieta + anfetaminas + ansiolíticos. Realmente, deram certo nos dois primeiros meses, fome controlada, sem apetite e perdi de 10 a 12 kg... nooossa estava feliz. Na época, trabalhava como psicóloga hospitalar na Santa Casa de Itu, um dia no horário da visita da UTI-Adulto, estava eu fazendo o acompanhamento á familiares na rotina, quando senti uma falta de ar e meu coração disparar, mas achei que era um pequeno mal estar, quando fui abordada por um técnico de enfermagem do setor, me questionando se estava sentindo algo por estar muito pálida, respondendo que sim, ele me levou ao medico plantonista da UTI mesmo e aferiu minha pressão que estava muito alta e foram logo medicando e me mandando pra casa. Parecia tão absurdo que aquele mal estar era tão grave, mas daí o médico me informou que estava tendo uma arritmia cardíaca e que precisava procurar um cardiologista pra avaliar o problema.
Pra situar a todos, venho de uma família de cardiopatas, meu pai infartou e fez "ponte de safena" aos 50 anos e a família tem um histórico gigante de doenças e mortes por cardiopatias. Levei um susto, no dia seguinte, retornei ao trabalho e encontrei meu amigo, coordenador da UTI e excelente cardiologista, que já sabia do ocorrido no dia anterior, pediu uma bateria de exames, constatando a Arritmia cardíaca causada pelo uso de medicamentos para emagrecer e foi taxativo: "Pare de tomar tudo, seu coração corre risco." Como, a partir daquela data, não poderia mais tomar nenhuma medicação pra emagrecer, inciei o efeito "bola de neve", cada vez aumentava mais de peso, fazendo surgir uma disfunção metabólica onde cheguei a 550mg (normal é abaixo de 200mg) de colesterol e 836 ( o normal é abaixo de menos que 150mg) de triglicérides. Minha Endocrinologista, não vendo saída, encaminhou ao Cirurgião para avaliar a Redução de Estomago e foi aí que a cirurgia foi indicada como necessária e urgente pra reverte o meu quadro de saúde.
Entrei em cirurgia pesando 110kg, tenho 1, 67 cm de altura, nem estava tão mórbida, mas os índices de saúde estava péssimos, isso sem falar que um exame havia constatado que meu coração estava prestes a infartar. A decisão foi meio no susto, medo de morrer era maior ficando gorda do que operar, na época só visava a saúde e não a estética, depois de um mês operada aí meus olhos se abrilhantaram ao corpo magro.
Em uma semana após, 7kg a menos, um mês 15,5kg, dois meses 24kg e no terceiro mês 36 kg... foi tudo muito rápido, a meta do meu médico era de menos 40 kg, cheguei a emagrecer 43kg e hoje estou pesando 71 kg e muito feliz.
Lógico , que hoje contando, parece que foi fácil, teve vários conflitos, medos e muitos medos, ansiedade, um mês tomando liquido e sem mastigar nada, segundo mês só na papinha e depois aprender a comer de novo. Falo sempre  que passei pelo ciclo de desenvolvimento do bebê, do liquido para as papinhas, depois as comidinhas e depois reaprender a se alimentar. 
A perda da identidade, pois as pessoas não te reconhecem facilmente, você demora pra se acostumar com o corpo, chegava na loja e já não sabia mais que numero de roupa usava, o guarda roupa esvazia pois as roupas não servem, ficam enormes, a adaptação nos restaurantes, paga mais come o mínimo. O mais impactante é o restaurante por quilo, você passa no buffet, coloca a comida no prato, pesa  e normalmente não come nem metade da comida. E a vida social? As pessoas adoram nos ver comendo, e lá vem as frases: "só isso?", "come mais, você comeu tão pouco" , "pode comer que um pouquinho só não engorda" , etc.... o pior não é o engordar é que não cabe e se forçar vai vomitar e/ou dilatar o estomago e/ou passar mal e pra que operou?
A qualidade de vida é o melhor de tudo, mais ânimo e disposição, as dores do peso desaparecem, menos canseira, corpo mais leve, sono melhor, começar a ser paquerada, auto-estima começa a aumentar e os elogios de todos quanto a beleza que (acho eu) ninguém via na obesidade, pois a frase se torna: "como está magra, está tão bonita!".
Tudo isso é fácil contar agora, parece até cômico, mas pra muitos se torna um susto, pesadelo e conflito gigante, por isso e tantas outras coisas é necessário calma na decisão, acompanhamento com profissionais necessários (um cirurgião excelente, acompanhamento psicológico e nutricional) pra que em cada fase, pré e pós-operatória seja acolhida e esclarecida as dúvidas e necessidades.

Hoje ser magra pra mim é ser saudável!!!




*UFC :Ultimate Fighting Championship- Lutadores desse esporte praticam diferentes artes marciais, tais como jiu-jítsu, boxe, luta livre olímpica, boxe tailandês, boxe chinês, caratê, tae kwon do, entre outras.